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A chegada e as lições aprendidas

  • Foto do escritor: arthur azevedo
    arthur azevedo
  • 18 de jul.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 4 de ago.

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O último dia é pura celebração: 10 Km nos separavam da linha de chegada, na praia de Swakopmond, onde tinha pizza, cerveja, refrigerante e uma medalha linda, que premiava aqueles que completavam a prova. Eu tinha uma ansiedade a mais: minha esposa Arlete, supostamente, estaria me esperando na linha de chegada. Em toda a minha trajetória de corredor, que já tem dez anos, seria a primeira vez que ela estaria me esperando. A questão é: no Deserto a gente não tem acesso à internet, às informações e tudo o mais. O trajeto dela era São Paulo – Istambul; Istambul – Cape Town; Cape Town – Walvis Bay; Walvis Bay – Swakopmund. Ou seja, será que tinha dado tudo certo nas conexões? Será que ela tinha dado tudo certo com o certificado de vacinação de covid em inglês? Será? Será? Será?


Mas deu tudo certo, e ela estava lá, bem na frente, e foi ela que colocou a medalha em mim. Melhor sensação de todas. Chegamos! Completamos! vencemos! Que lugar? Penúltimo, com o maior orgulho do mundo. Quarenta e quatro bravos e bravas entraram naquelas areias, e trinta e três chegaram. Aos onze que ficaram pelo caminho, todo respeito e toda honra, pois foram ao limite e só saíram porque se machucaram. E continuaram lá, juntando-se ao grupo de voluntários, ajudando-nos em pontos de controle. Muitos já fazendo os planos para o próximo ano, ou mesmo o próximo deserto. Estive tão próximo de sair em múltiplas vezes, não somente na Namíbia, mas também no Atacama e em Gobi. Sei como é!


Aprendi muito nesses dias. Aprendi sobre mim, sobre minhas capacidades. Aprendi como gerenciar meus recursos físicos, calibrar o ritmo da minha caminhada de forma a preservar meu corpo. Aprendi a administrar minha mente, a saber quando ela estava fazendo jogos comigo, tentando me convencer de que eu não era capaz. Aprendi a desafiá-la, ou desviar a sua atenção. Aprendi a cuidar das minhas emoções, sabendo aproveitar os momentos de euforia e ir além, doar aquela energia para outros, mas também tolerar os momentos de baixa, sabendo que eles não durariam para sempre, e também a pedir ajuda. Ou seja, de maneira bem simples, fazer como a Dory, no filme Procurando Nemo: keep swiming (continue nadando). Gestão de recursos “nível básico” ...


Aprendi o quanto ter uma medição de progresso é importante para nossa mente. Meu relógio ficou sem bateria logo e, enquanto não achei uma forma de recarregá-lo, me sentia perdido, pois não conseguia contar os quilômetros percorridos ou o tempo. Eu me sentia como um piloto de avião voando às cegas, sem instrumentos e sem visão. A ansiedade batia de uma maneira impressionante. Isso vale em nossa vida pessoal e profissional. Imagina, um membro de sua equipe sem feedback, é a mesmíssima coisa.


Aprendi também sobre a força da amizade e da confiança, sobre o quanto um objetivo comum, compartilhado, uma visão única, alinhada, podem fazer duas ou mais pessoas concretizar algo tão audacioso. Vi o quanto a confiança entre as pessoas faz com que um se preocupe, genuinamente, com o outro, o quanto nos esforçamos para alavancar o potencial um do outro e superar juntos os desafios. Enfim, naquele momento, minha amiga polonesa Julita, eu e toda a equipe do Racing the Planet formamos um time de alta performance. Isso é liderança pura.


E vi que, quando nós realmente queremos alguma coisa, fazemos com amor, paixão, não existe obstáculo que nos pare. Esta é a famosa motivação intrínseca. Aquela que devemos buscar sempre, que nos faz levantar da cama e sair para a vida. Isso é propósito, a razão de existir que devemos sempre articular em nós mesmos, em nossas equipes e em nossas empresas. Todo o resto é consequência.


Por fim, deixo com vocês um pensamento de Marco Aurélio, Imperador Romano e filósofo estoico: “Nas manhãs em que você lutar para se levantar, mantenha este pensamento em mente — Eu sou despertado para o trabalho de um ser humano. Por que, então, eu estou perturbado com o fato de que irei fazer aquilo que fui feito para fazer, as coisas para as quais fui colocado neste mundo? Ou fui feito para isso, para me esconder embaixo das cobertas e me manter aquecido”?


A cada dia, a cada despertar, busque seu propósito, dirija a sua vida! 


Próxima parada: Antártica, em novembro de 2022. Me aguardem! 

 
 
 

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