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Chegando lá / Pessoas e países – ONU em ação

  • Foto do escritor: arthur azevedo
    arthur azevedo
  • 18 de jul.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 4 de ago.

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O ponto de encontro de participantes, organizadores e staff da Corrida da Namíbia foi  Swakopmund, uma cidade muito linda cuja arquitetura com estilo alemão lembra as origens do país. A Namíbia foi dominada pela Alemanha e pela África do Sul por mais de um século e conquistou sua independência apenas em 1990. Ou seja, um país jovem cuja economia está baseada na mineração e no turismo. O povo lembra o nosso povo: alegre e comunicativo. Difícil ficar sem sorrir com eles. Muito amáveis!


Chegar lá, partindo do Brasil, já é, de certa forma, uma aventura em si mesmo. No meu caso, minha jornada começou no aeroporto de Guarulhos, de onde parti para Zurich. De lá, voei para Frankfurt e mais um voo de lá para Cape Town. Já cansou? Pois é, de Cape Town ainda tem um voo para Walvis Bay, já na Namíbia e, depois, um transfer de Van para Swakopmund. Curiosidade: o voo Cape Town-Walvis Bay é feito num Embraer 145, operado pela Air Link, o que dá certo orgulho para nós brasileiros.


Pelo caminho, as histórias começaram. No voo para Zurich, conheci uma senhora que ia para Israel visitar os netinhos que moram num Kibbutz. Ela, com seus mais de oitenta anos, foi a sensação do voo. Numa mistura de português, inglês e francês, virava-se para se fazer entendida. Lembrou-me muito a minha mãe. No aeroporto de Frankfurt, na busca do portão de embarque do meu próximo voo, conheci outro brasileiro, um gaúcho, de Porto Alegre, que ia para a festa de aniversário do filho que não via há três anos. Chegaria lá de surpresa, um arranjo organizado por amigos e pela nora. Olha que legal! Ainda em Frankfurt, encontrei o primeiro participante da prova. Ele teve dois voos para Johanesburgo cancelados e havia sido alocado num voo para Windhoek, capital da Namíbia. De lá, seriam quatro horas por via terrestre até Swakopmund. A aventura começa aqui.


Bom, fizemos teste de covid para ter certeza de que todos que largariam e que dividiriam tenda, comida, água, história nos próximos dias estavam liberados. Chegamos ao Camp 1, onde ficamos por um dia e duas noites antes de largar. Lá, recebemos todas as instruções, passamos pela checagem dos equipamentos obrigatórios. Importante: a série Racing the Planet segue a linha “autossustentável”, ou seja, o participante deve levar na mochila tudo o que precisa para os seis dias: roupa, comida, primeiros socorros e outros itens. A organização forneceu a tenda e a água. Resultado: a mochila do seu amigo aqui tinha 12k na largada, sem contar o 1,5 litro de água requerido.


O crescimento também começava ali, na ambientação com o deserto, com suas formas maravilhosas e as pessoas interessantíssimas com quem compartilharia minha vida, minhas emoções nos próximos seis dias. Aqui, no Brasil, dizemos que o amigo de verdade é aquele com quem compartilhamos uma vasilha de sal. É isso mesmo que acontece por lá, um lugar onde se forja amizades, onde vemos e somos vistos como realmente somos, lá no fundo, sem nada para nos esconder. 


Éramos 44 pessoas na largada, vindas de 26 países diferentes. Já imaginaram o que é isso? Organização das Nações Unidas na veia e do jeito que funciona, sem agenda política, sem interesses ocultos. Só um único objetivo, atravessar o deserto, com todo o respeito por sua majestade, e sair de lá inteiros, felizes, deixando tudo no lugar, como se nunca tivéssemos passado por lá. Era um lugar onde ninguém ligava para quem você é no mundo exterior, o que você tem, onde você trabalha. Na realidade, ninguém perguntava. Ao mesmo tempo, falávamos e ríamos de monte, falando das coisas da vida, do dia a dia, da família, das dificuldades, dos desafios. Era como se nos conhecêssemos há anos. 


Hoje, cada bandeira daquela costurada nas roupas de cada um dos participantes tem um nome, um rosto, uma história, uma lágrima, um sorriso. São pessoas que me ajudaram, torceram por mim, compartilharam da minha dificuldade, evitaram que eu ficasse pelo caminho e vibraram comigo na linha de chegada. 


Largamos juntos, cada um com a sua meta, seu nível de desempenho, sua expectativa. Éramos só nós contra o deserto! E isso eu conto para vocês na semana que vem. 😊


Até lá!

 
 
 

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